O clima na paróquia começou a se tornar tenso conforme o bispo, que tinha uma visão muito mais rígida e autoritária sobre a situação, decidiu intervir. Ele não via com bons olhos o que estava acontecendo com Manoel e acreditava que era necessário tomar uma atitude drástica para restaurar a ordem.

 Em uma reunião marcada às pressas, o bispo deixou claro seu descontentamento. "Padre Joaquim, isso não é uma simples questão de fé. O que está acontecendo aqui é perigoso e precisa ser controlado. Manoel deve ser afastado de tudo e de todos. Precisamos colocá-lo em um convento, longe dessa adoração cega."

Padre Joaquim tentou argumentar, "Mas, Excelência, Manoel não está fazendo nada de errado. Ele apenas deseja ajudar as pessoas. A fé deve ser acolhedora, não punitiva."

 D Maria, uma fiel devota e mae de Manoel, não ficou calada diante da proposta do bispo. Ela levantou-se com firmeza. "Excelência, eu me recuso a aceitar essa intervenção. Manoel é um homem bom que trouxe esperança a muitos. Trancafiá-lo em um convento não resolverá nada; só criará mais divisão e sofrimento."

O bispo olhou para D Maria com desdém. "Você está sendo ingênua. A fé precisa de controle e disciplina. Não podemos permitir que a situação fuja do nosso alcance."

 D Maria continuou firme em sua posição. "E se nós, como comunidade, decidíssemos apoiar Manoel? Ele não é um herege; ele é um homem que trouxe luz para os perdidos. A verdadeira fé deve ser vivida em liberdade, e não em prisão."

O padre Joaquim observava a cena, admirando a coragem de D Maria. Ele sabia que ela falava em nome de muitos que sentiam o mesmo e que estavam cansados de serem tratados como crianças.

 O bispo franziu a testa ao ouvir as palavras dela. "Você está colocando sua fé acima da hierarquia da Igreja? Isso é inaceitável!"

"Não se trata de desafiar a Igreja," respondeu D Maria com paixão. "Trata-se de lembrar que a Igreja deve ser um reflexo do amor de Deus e da compaixão que Ele nos ensinou."

A tensão na sala aumentava. O bispo estava determinado a agir, mas D Maria estava igualmente decidida a proteger Manoel e sua missão.

"Se você realmente se preocupa com o bem-estar da comunidade," continuou ela, "então considere que afastar Manoel pode causar mais danos do que benefícios. Vamos trabalhar juntos para encontrar uma solução melhor."

O padre Joaquim percebeu que esse confronto poderia ser um ponto decisivo para todos eles. Com um olhar significativo para D Maria, ele decidiu apoiar suas palavras.

"Excelência," disse ele com calma, "ouçamos os sentimentos da comunidade antes de tomarmos qualquer decisão drástica. A fé não deve ser imposta; ela deve ser vivida e compartilhada."

O bispo hesitou por um momento, considerando as palavras dos dois. O futuro de Manoel e a harmonia da comunidade estavam em jogo, e essa discussão poderia determinar o caminho a seguir para todos eles.