A chegada do Sr. Antônio à cidade trouxe um clima de tensão e incerteza. Ele era um homem de fala suave, mas o olhar carregava uma intensidade que deixava os outros desconfortáveis. Logo, ele se aproximou de D Maria, uma mulher respeitada na comunidade, conhecida por sua sabedoria e generosidade.

 Em uma tarde ensolarada, enquanto D Maria organizava as flores em seu jardim, Sr. Antônio apareceu na porta de sua casa. Ele estava pálido e parecia exausto, como se tivesse lutado contra algo muito maior do que ele mesmo. Com um tom persuasivo, começou a falar sobre Manoel, insinuando que sua presença estava atraindo problemas para a cidade. “D Maria,” disse ele com voz trêmula, “Manoel pode parecer um homem bom, mas suas ações estão causando inquietação. Você não percebe o quanto ele está drenando a energia da nossa comunidade?”

 D Maria observou a fragilidade de Antônio — o jeito como ele se apoiava na porta e como suas mãos tremiam levemente. Ela sentiu uma onda de compaixão por ele, mas ao mesmo tempo sua intuição a alertava sobre as intenções do homem. “O que você sugere?” ela perguntou, mantendo a calma.

 Antônio começou a articular um plano que parecia simples e convincente: levá-lo para um sítio distante, onde poderia descansar e se recuperar longe das influências que ele acreditava serem prejudiciais. “Ele precisa de paz,” insistiu Antônio. “Se você o afastar da cidade por um tempo, todos poderão recuperar a tranquilidade que tanto desejamos.”

Enquanto ouvia as palavras de Antônio, D Maria sentiu uma batalha interna. Por um lado, ela queria ajudar Manoel e reconhecia o bem que ele havia feito à comunidade; por outro lado, as palavras de Antônio começaram a semear dúvidas em sua mente. E se Manoel realmente estivesse atraindo problemas? E se afastá-lo fosse a melhor 

Após uma longa conversa com Antônio e algumas horas refletindo sobre tudo que havia ouvido, D Maria acabou concordando em considerar a proposta. “Vou conversar com Manoel e ver o que ele pensa sobre isso,” disse ela hesitante. Mas no fundo, sabia que essa decisão poderia mudar tudo.

Enquanto isso, Antônio deixava a casa com um sorriso discreto no rosto, satisfeito por ter conseguido plantar a semente da dúvida na mente de D Maria. Ele sabia que seu plano estava em andamento e que precisava agir rapidamente antes que Manoel pudesse perceber suas intenções.

 O coração de D Maria estava pesado enquanto ela pensava em Manoel. Ela sabia que precisava ser honesta com ele sobre o que havia acontecido. O dilema moral entre proteger alguém que tanto amava e seguir os conselhos de um homem frágil como Antônio tornava-se cada vez mais complexo.

Esse momento marcaria o início de uma nova fase na vida da comunidade — uma fase onde as intenções nem sempre eram claras e onde cada decisão poderia ter consequências profundas para todos ao redor.