Ana Lago de Luz

E na beleza das flores... e nas ondas do mar!

Textos


 

 

Mentoria intensiva 5 

 

O segredo da chave 

 

Era uma tarde ensolarada quando me sentei à mesa com João, cercada por pastas e gráficos do nosso projeto. O ambiente estava carregado de expectativa, mas eu sentia uma tensão no ar que não conseguia ignorar. 

— Ana, precisamos ser realistas — disse João, sua voz firme, mas os olhos desviando para o chão. Aquela hesitação me incomodava. O projeto era mais do que números; era a chance de mudarmos a vida de muitas pessoas.

— Eu entendo suas preocupações, mas se não ousarmos um pouco, nunca saberemos do que somos capazes! — respondi, tentando acender a chama da paixão que ele sempre tinha mostrado nas nossas conversas. Mas eu percebia que havia algo mais por trás de seu olhar.

Ele cruzou os braços, um gesto que sempre indicava defesa. — Não estou dizendo que devemos desistir. Apenas que precisamos de um plano mais sólido.

O silêncio se instalou entre nós, e eu sabia que a batalha não era apenas sobre o projeto, mas sobre a confiança que tínhamos um no outro. O plano envolvia uma mudança significativa na comunidade — um centro de apoio para jovens em situação vulnerável. Era algo em que eu acreditava de forma profunda.

— Você se lembra daquela vez em que falamos sobre como poderíamos impactar vidas? — tentei relembrá-lo. — Isso é mais do que um gráfico bonito, João.

Ele olhou para mim, e por um instante pensei que o convencera. Mas então ele desviou o olhar de novo .

— Sim, mas… 

O “mas” pairou no ar como uma nuvem pesada. Decidi mudar a abordagem. — O que  te preocupa? O projeto ou algo mais?

Ele hesitou, e em vez de responder, começou a folhear as páginas da pasta ao nosso lado. Foi quando algo prateado caiu ao chão: uma pequena chave antiga. A curiosidade me dominou.

— O que é isso? — perguntei, pegando a chave e examinando-a.

João ficou pálido e seus olhos se arregalaram. — Ah… isso… é só uma coisa antiga.

Aquela resposta não me convenceu. A chave parecia ter uma história e eu precisava saber mais. — João, você sabe que não sou boa em deixar coisas assim passarem batido. O que ela abre?

Ele hesitou de novo, e percebi que havia algo importante escondido por trás daquela expressão preocupada.

Por fim , ele suspirou e disse: — É uma caixa… uma caixa com documentos antigos sobre o projeto.

Meu coração disparou. Documentos antigos? O que isso significava? 

— Por que você não me falou disso antes? O que mais você está escondendo? 

A pressão na sala aumentou enquanto ele se debatia com as palavras. — Eu… eu descobri coisas sobre o antigo centro de apoio… coisas que podem mudar tudo para nós.

Eu não sabia se estava animada ou apreensiva com aquilo. A possibilidade de informações valiosas era tentadora, mas o fato de ele ter guardado aquilo me deixou inquieta.

— Precisamos abrir essa caixa então! Não podemos deixar passar essa oportunidade — disse, sentindo a adrenalina correr nas minhas veias.

João  assentiu, um brilho nos olhos dele começando a surgir. Ele pegou a chave da minha mão e olhou nos meus olhos com determinação renovada. 

— Vamos descobrir juntos o que há dentro dessa caixa.

E assim começamos nossa busca por respostas, sabendo que aquele pequeno objeto poderia ser a chave não apenas para nosso projeto, mas também para um futuro inesperado.

 

 

Ana Pujol
Enviado por Ana Pujol em 17/11/2024
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