Mentoria Intensiva 4 Refúgio dos sussurros
Em uma pequena cidade, onde a chuva caía de forma regular , Lucas entrou no Refúgio dos Sussurros. Um Café, com seu aroma acolhedor e luz suave, sempre foi seu escape das tempestades emocionais que assolavam sua mente. Sentou-se em uma mesa perto da janela, observando as gotas escorregarem silentes e melódicas pelo vidro, como se cada uma delas carregasse suas próprias preocupações." O café de sempre Lucas?" perguntou o barista com o sorriso de sempre " E uma torta de limão para adocicar o coração? " Lucas confirmou o pedido sem querer ser rude com o amigo do bar , mas suas mãos tremiam debaixo da mesa. Nos últimos meses, Lucas lutava contra a sensação de perda. A recente separação o fez sentir um vazio profundo que parecia se intensificar a cada dia. A chuva lá fora refletia sua tristeza; cada trovão ressoava como um lembrete do que havia deixado para trás. Seu pedido era o de sempre, um café preto e um pedaço de torta de limão, demonstrava que nao tolerava mudanças, um gosto familiar que o confortava. Enquanto o barista preparava seu pedido, Lucas olhou ao redor. Casais riam e conversavam alegres e felizes , enquanto grupos de amigos compartilhavam histórias. O contraste entre a alegria deles e a melancolia que o envolvia era quase palpável. Ele sentia como se estivesse preso em uma bolha invisível, incapaz de se conectar com aqueles momentos de felicidade. A chuva começou a se intensificar, e o som da água batendo no telhado tornou-se mais forte. Lucas fechou os olhos por um momento, tentando encontrar paz em meio ao caos. As lembranças da sua ex-parceira surgiram como fantasmas: risos compartilhados, promessas sussurradas sob a luz suave do café. Cada lembrança era como uma gota que caía sobre seu coração já pesado. Quando o café chegou, ele segurou a xícara quente entre as mãos, sentindo o calor penetrar em sua pele. Era um pequeno consolo, mas não suficiente para apagar a dor interna. O dilema dentro dele crescia — deveria seguir em frente ou ainda havia esperança para o que tinha perdido? Em um dado momento, quando um grupo de amigos entrou correndo no café, rindo e sacudindo as roupas encharcadas pela chuva despertou a atenção de Lucas. Um deles, uma mulher com cabelos cacheados e sorriso radiante, olhou para ele e disse: "Ei! Venha se juntar a nós! A vida é curta demais para ficar sozinho!" E outro ainda acrescentou " Lucas você parece de luto, coloque um sorriso no rosto " Lucas hesitou por um momento. O convite era tentador; ele queria sentir a alegria de novo mas o medo de abrir seu coração mais uma vez o paralisava. Com as emoções à flor da pele e os ecos da risada preenchendo o espaço ao seu redor, ele se levantou em passos curtos . Ele olhou pela janela mais uma vez; a chuva continuava a cair sem parar.A água poderia limpar as feridas ou afogá-lo ainda mais na dor.Decidir por um momento de alegria ou manter a finitude da dor. Com um último olhar para os amigos animados e para o barista sorridente que sempre lhe oferecia um abraço silencioso de compreensão, Lucas tomou uma decisão. Ele respirou fundo e deu um passo em direção ao grupo, ainda indeciso sobre qual caminho seguir — mas talvez isso fosse parte da jornada. E assim ele se aproximou da mesa animada, onde as risadas ecoavam como música em seus ouvidos. Prestes a cruzar essa nova fronteira emocional, deixando no ar a pergunta: será que ele encontrará a coragem necessária para abrir seu coração por mais uma vez ? Ana Pujol
Enviado por Ana Pujol em 16/11/2024
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