Ana Lago de Luz

E na beleza das flores... e nas ondas do mar!

Textos


O sorriso que nunca existiu

 

Era um domingo ensolarado na casa dos Soares. A família se reunia na mesa do café da manhã, rindo e conversando animadamente. A mesa estava repleta de frutas frescas, pães quentinhos e um bolo de cenoura feito pela mãe, Laura.

“Esse bolo está maravilhoso, mamãe!” elogiou Lucas, o filho mais novo, com os olhos brilhando.

“Obrigado, querido! É uma receita especial da vovó,” respondeu Laura, sorrindo enquanto servia mais café para o marido, Carlos.

“E o que vamos fazer hoje?” perguntou Sofia, a filha mais velha, animada.

“Pensei em um piquenique no parque,” disse Carlos. “O tempo está perfeito para isso!”

Todos concordaram empolgados. A família Soares parecia ser a imagem da felicidade: pais amorosos e filhos felizes. Após o café da manhã, eles se prepararam rapidamente e partiram para o parque.

O dia foi cheio de risadas, jogos e brincadeiras. Carlos jogava futebol com as crianças enquanto Laura tirava fotos deles se divertindo. “Olha essa foto! Vamos guardá-la para sempre!” ela exclamou.

Mas à medida que o sol começava a se pôr, uma nuvem escura começou a pairar sobre a alegria da família. Carlos olhou para o relógio e seu sorriso desapareceu lentamente.

“Precisamos conversar,” ele disse com um tom sério que fez todos pararem.

“Sobre o quê?” perguntou Laura, preocupada.

“Sobre nós… eu não estou feliz,” Carlos disse, evitando olhar nos olhos dela. “Preciso de um tempo.”

Laura sentiu seu coração afundar. “O que você quer dizer? Nós somos uma família! Temos os nossos filhos…”

“Eu sei… mas eu preciso ir embora por um tempo,” Carlos respondeu, sua voz trêmula.

As crianças olharam confusas para os pais. “Papai, você vai nos deixar?” perguntou Lucas com lágrimas nos olhos.

Carlos hesitou e então se virou para os filhos. “Não é assim que eu queria que vocês se sentissem… mas eu preciso descobrir quem eu sou.”

Com essas palavras, a leveza do dia se desfez como fumaça. Laura ficou paralisada enquanto Carlos pegava suas coisas e saía da casa. O silêncio tomou conta do ambiente; as risadas do piquenique pareciam ecos distantes.

Os dias seguintes foram sombrios e pesados. Laura tentava manter a rotina normal para os filhos, mas a casa estava cheia de um vazio insuportável. As risadas foram substituídas por perguntas sem respostas.

“Mamãe, quando papai volta?” Sofia perguntou certa noite, olhando para a mãe com esperança.

Laura respirou fundo e forçou um sorriso. “Ele vai voltar logo… só precisa de um tempo.”

Mas as semanas se passaram e Carlos não voltou. A casa dos Soares tornou-se um lugar onde os sorrisos eram raros e as conversas eram apenas sussurros sobre o que poderia ter acontecido.

Certa noite, enquanto Laura arrumava os brinquedos no quarto das crianças, encontrou uma foto antiga de Carlos segurando os filhos no parque. O olhar dele era cheio de amor e alegria — tão diferente do homem que partira.

Lágrimas escorriam pelo rosto de Laura enquanto ela murmurava: “O que aconteceu com você?”

Naquela mesma noite, algo parecia mudar na casa. As sombras nas paredes pareciam se alongar e sussurrar segredos obscuros que antes estavam escondidos sob a superfície da felicidade aparente.

Na manhã seguinte, ao acordar com os filhos, Laura percebeu algo estranho: o portão da frente estava entreaberto. Um frio percorreu sua espinha ao ver que havia marcas de pegadas na entrada — marcas que não pertenciam à sua família.

Ela olhou para os filhos dormindo tranquilos e decidiu investigar mais tarde. Mas à medida que os dias passavam e a ansiedade crescia dentro dela, Laura começou a notar pequenas mudanças na casa: objetos fora do lugar e sussurros vindos de lugares onde não deveria haver ninguém.

Um mês depois da partida de Carlos, ela finalmente decidiu procurar ajuda. Ao entrar em contato com amigos próximos e familiares sobre seu estado emocional e o desaparecimento do marido, foi surpreendida pela revelação de segredos obscuros — histórias sobre Carlos que ela nunca imaginara ouvir.

Numa manhã  não viu os filhos no quarto. Desesperada ligou para a mãe: As crianças não estão em casa ? Gritou aos prantos. No outro lado da linha ,sua mãe tentou ser serena :" Filha, as crianças já estão na casa de Carlos faz algum tempo. Você  tomou a medicação direito? Quer que eu passe aí? Ela silenciou-se quase paralizada. 

 

 

 

Ana Pujol
Enviado por Ana Pujol em 24/09/2024
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