Ana Lago de Luz

E na beleza das flores... e nas ondas do mar!

Textos


Noite fantasmagórica 

 

 

Na calada da noite Antenor começa sua transfiguração.  Veste o manto negro e o capuz de carrasco.  Tira a faca da bainha para olhar o seu brilho reluzente. Parte para o cemitério  abandonado de sua cidade. 

Quando  a luz do sol, o cemitério abandonado revela sua melancolia,

Túmulos cobertos de musgo e histórias esquecidas,

O silêncio interrompido pelo canto dos pássaros,

e o vento brincando entre as lápides inclinadas pelo tempo.

Entre árvores retorcidas e covas desgastadas,

o cemitério abandonado repousava em silêncio,com

o vento sussurrando segredos entre as sepulturas,

enquanto a natureza lentamente retoma o seu espaço.O mato crescendo no meio dos túmulos  violados e quebrados. 

Antenor  não aceitava o fato das pessoas violarem o solo sagrado,  deixar partes de ossos jogados pelo chão. O crânio de sua mãe já não estava mais na sepultura. 

E naquela noite sombria e silenciosa, dois amigos, Albertinho e Tonho , decidiram explorar o antigo cemitério. A lua cheia iluminava as lápides antigas com uma luz fantasmagórica, criando sombras dançantes que pareciam se mover ao sabor do vento noturno.

 Caminhavam entre os túmulos cobertos de musgo e hera, uma sensação de inquietação tomava conta dos jovens exploradores. O ar parecia carregado de energia pesada e opressiva, como se os espíritos dos mortos ali sepultados estivessem despertos e observando cada passo dos intrusos.

De repente, um ruído estranho ecoou pelos corredores estreitos do cemitério, fazendo com que eles se entreolhassem com expressões de temor. Passos arrastados ressoaram na escuridão, aproximando-se cada vez mais dos jovens indefesos.

Um arrepio percorreu suas espinhas quando uma figura encapuzada emergiu das sombras, com os olhos brilhando de forma sinistra sob a luz pálida da lua. O desconhecido se aproximou lentamente, revelando aos jovens  um sorriso macabro que gelou o sangue dos amigos até as entranhas.

"O que vocês fazem aqui nesta noite profana?" - sussurrou a figura encapuzada com uma voz rouca e ameaçadora.

Albertino e Tonho mal conseguiam articular palavras, paralisados pelo medo que os envolvia como uma mortalha invisível. A figura misteriosa avançou na direção deles, erguendo um objeto reluzente que refletia a luz lunar com um brilho cruel.

Num ímpeto de coragem desesperada, Albertinho agarrou a mão de Tonho e juntos saíram correndo entre as lápides, o som dos passos pesados ecoando atrás deles como o eco de um pesadelo interminável. O cemitério parecia se contorcer ao redor dos jovens fugitivos, como se tentasse impedi-los de escapar da terrível ameaça que os perseguia.

Finalmente, exaustos e sem fôlego, eles conseguiram alcançar o portão enferrujado do cemitério e se lançaram para fora, deixando para trás a figura encapuzada e o mistério sombrio que envolvia aquele lugar proibido.

Desde aquela noite fatídica, os dois amigos jamais esqueceram a sensação de terror que os dominou no cemitério abandonado, jurando nunca mais retornar àquele lugar assombrado pelos segredos do passado e pelas ameaças do além-túmulo.

Ana Pujol
Enviado por Ana Pujol em 22/08/2024
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