Joaquim colocou a motoserra na caçamba do carro. Vai observando se está tudo pronto para mais um dia de trabalho na floresta. Joaquim é um homem robusto, com mãos calejadas pelo trabalho duro e um olhar que reflete tanto determinação quanto dúvida. Seus cabelos são castanhos, com algumas mechas grisalhas que surgiram nos últimos anos, resultado do estresse e das decisões difíceis que teve de tomar. Ele sempre usa uma camisa de flanela e botas de trabalho, e carrega consigo uma pequena faca, herança de seu pai, que era também madeireiro. Joaquim cresceu em uma pequena vila próxima à floresta e sempre ouviu as histórias sobre o Curupira contadas por sua avó. Desde jovem, ele aprendeu a trabalhar com madeira e se tornou um dos melhores na profissão. No entanto, a pressão para sustentar sua família e os custos crescentes da vida o levaram a aceitar contratos cada vez mais arriscados para derrubar áreas da floresta. Apesar de sua necessidade financeira, Joaquim sente um crescente desconforto ao ver as árvores caírem. Ele ama a floresta e as lembranças de sua infância brincando entre as árvores. À medida que se aprofunda no trabalho, começa a ter pesadelos sobre o Curupira e as consequências de suas ações. O conflito entre suas obrigações como provedor e seu amor pela natureza cria uma batalha constante dentro dele. Ele encontra-se em situações que o forçam a confrontar suas crenças. Quando os madeireiros chegam à floresta para derrubar as árvores, ele hesita em participar. Ao ouvir as risadas do Curupira em sonho e testemunhar os efeitos mágicos da proteção da floresta deste encantado , Joaquim começa a questionar suas escolhas. Nas profundezas da floresta brasileira, Joaquim sabia que vive uma criatura mágica conhecida como Curupira.Sua avó sempre contava a mesma historia .Ele é um protetor da natureza, famoso por sua pele avermelhada e cabelos em chamas. Com seus pés virados para trás, ele confunde caçadores e madeireiros que se aventuram na floresta, fazendo com que eles se percam e nunca encontrem o caminho de volta. Diz a lenda que o Curupira tem um propósito claro: proteger os animais e as plantas da exploração desenfreada. Quando alguém invade seu território ou causa dano à floresta, ele aparece em forma de ventania, criando sons estrondosos que fazem as árvores balançarem e as folhas sussurrarem segredos. Certa vez, um grupo de madeireiros chegou à floresta com a intenção de derrubar várias árvores para construir uma nova estrada. Eles eram conhecidos por sua ganância e desrespeito pela natureza. No entanto, ao adentrarem na mata, começaram a ouvir risadas estranhas e ecos de vozes que pareciam vir de todos os lados. Confusos e assustados, os madeireiros tentaram continuar seu trabalho, mas as árvores pareciam se fechar ao seu redor. O Curupira apareceu em meio à neblina, dançando entre as sombras. Ele usava uma roupa feita de folhas e flores silvestres, refletindo a beleza da floresta. “Quem ousa perturbar meu lar?” perguntou ele com uma voz profunda como o trovão. Os madeireiros tentaram explicar suas intenções, mas o Curupira não se deixou enganar. Ele lançou um feitiço: cada vez que eles cortavam uma árvore, outra brotava instantaneamente no lugar. As raízes das árvores começaram a entrelaçar-se em seus pés, prendendo-os no solo. Desesperados, os homens pediram clemência ao Curupira. E ele respondeu: “Se vocês respeitarem a floresta e aprenderem a viver em harmonia com ela, eu os libertarei.” Os madeireiros se viram obrigados a refletir sobre suas ações. Com o tempo, eles começaram a cultivar plantas nativas e aprender sobre o ecossistema local. O Curupira observava tudo com atenção, sempre pronto para proteger sua casa. E assim nasceu uma nova tradição entre os moradores da região: todos os anos, durante a lua cheia de agosto, eles realizam um festival em homenagem ao Curupira. Eles dançam ao som dos tambores feitos de madeira reciclada e oferecem flores e frutas à floresta como sinal de respeito. Essa celebração não só preserva as histórias do Curupira como também educa as novas gerações sobre a importância da conservação da natureza. E sempre que alguém ouve risadas ecoando na floresta ou sente um vento forte passando por entre as árvores, sabe que o Curupira está por perto — guardando seu lar e lembrando a todos sobre a magia que existe na relação entre humanos e natureza. Joaquim pensava nesta história contada por sua avó em seu caminho para o trabalho . Ele podia encontrar formas alternativas de sustentar sua família, como aprender sobre ecoturismo ou trabalhar em projetos sustentáveis na vila. Essa transformação não só o ajudaria a encontrar paz interior, mas também inspira outros madeireiros a reconsiderar suas ações. Joaquim toma sua decisão de se tornar um defensor da floresta, unindo a comunidade em torno da preservação do meio ambiente e celebrando o festival em homenagem ao Curupira. Voltou com o carro para casa decidido a mudar de profissão.
Ana Pujol
Enviado por Ana Pujol em 17/08/2024
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