Ana Lago de Luz

E na beleza das flores... e nas ondas do mar!

Textos


Cenas cotidianas 32 

 

Miguel, um morador de rua, não conseguia dormir e perambulava pela cidade. Um transeunte apagado e renegado pela sociedade. A sua invisibilidade  o possibilitou a ter uma experiência única. Escondido no meio das plantas do restaurante mais fino da cidade observou um encanto fora da sua realidade. 

Era uma rua tranquila e ladeada por árvores centenárias, o charmoso restaurante de aspecto acolhedor aguardava serenamente a chegada de seus clientes sob a luz suave das velas que dançavam em candelabros dourados, criando uma atmosfera mágica e romântica que envolvia o ambiente em um brilho acolhedor e reconfortante.

As mesas elegantemente dispostas com toalhas brancas imaculadas e talheres reluzentes aguardavam pacientemente a chegada dos comensais ávidos por uma experiência gastronômica única e inesquecível. O aroma tentador de iguarias cuidadosamente preparadas pela talentosa equipe culinária pairava no ar como um convite irresistível aos sentidos, despertando apetites vorazes e promessas de deleite sensorial.

Miguel  sentia fome mas desconhecia aquele cheiro requintado .

Enquanto o som suave de música clássica preenchia os espaços vazios do restaurante, os garçons elegantemente vestidos moviam-se com graciosidade entre as mesas, servindo com profissionalismo e simpatia aqueles que escolheram aquele local especial para uma noite memorável de sabores exóticos e conversas animadas.

Do lado de fora, a fachada iluminada por lanternas antigas e trepadeiras floridas exalava um charme atemporal que convidava os transeuntes curiosos a espiar pela janela e vislumbrar o espetáculo íntimo que se desenrolava dentro das paredes enfeitadas por quadros de artistas locais e arranjos florais ddelicados. Miguel nao estava sozinho naquela curiosidade sobre aquele ambiente. 

Enquanto o relógio avançava lentamente para a hora do jantar, o restaurante à luz de vela permanecia como um farol de hospitalidade e sofisticação em meio à agitação cotidiana da cidade, acolhendo viajantes cansados, casais apaixonados e amigos reunidos em torno da mesa para celebrar a arte da boa comida e da boa companhia.

E assim, sob o teto abobadado adornado por lustres antigos que lançavam reflexos dourados nas paredes caiadas, o restaurante à luz de vela se transformava em um refúgio encantado onde os sonhos se tornavam realidade e as promessas de momentos inesquecíveis se materializavam em cada prato servido com carinho e cada sorriso compartilhado à luz tremeluzente das velas dançantes.

Para Miguel  aquilo não passava de um sonho e nem se deu ao trabalho de ladear o restaurante a procura de algo para comer. Deitou-se ali mesmo na penumbra e dormiu  o sono dos justos. 

 

 

Ana Pujol
Enviado por Ana Pujol em 09/08/2024
Alterado em 09/08/2024
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