cenas cotidianas 29
"Flores de Lembrança"
Em um cemitério tranquilo, banhado pela luz suave do sol poente, uma mulher chamada Sofia caminhava lentamente entre os túmulos cobertos de musgo e saudades. Ao seu lado, segurando sua mão com firmeza, estava uma menina pequena de olhos curiosos e sorriso tímido chamada Maria. Juntas, carregavam um cesto repleto de flores coloridas que exalavam fragrâncias delicadas e memórias antigas. Diante de uma lápide simples adornada com o nome desgastado de um ente querido perdido para sempre, Sofia e Maria se ajoelharam em silêncio respeitoso, seus gestos harmonizados como uma dança ensaiada pelo tempo e pela dor compartilhada. Com cuidado meticuloso e reverência tocante, começaram a colocar as flores no túmulo coberto de lembranças e saudade. Enquanto os raios dourados do sol tingiam o céu de tons alaranjados e rosados, as duas figuras solitárias dedicavam-se à tarefa sagrada de honrar a memória daquele que se fora, cujo espírito pairava sobre elas como uma brisa suave que acariciava suas almas entrelaçadas pelo amor e pela perda. Sofia recordava os momentos preciosos compartilhados com o ser amado agora silenciado pela eternidade, as risadas compartilhadas, os abraços calorosos, as lágrimas derramadas em conjunto nos dias sombrios da vida. Maria, mesmo jovem e inocente, compreendia a importância do ritual que realizavam juntas, aprendendo desde cedo o valor das memórias e da gratidão pelos que partiram. Enquanto as últimas pétalas caíam suavemente no chão macio do cemitério, Sofia e Maria permaneciam ali por mais alguns instantes, em um abraço silencioso que transcendia as palavras e exprimia todo o amor e saudade que seus corações podiam conter. O vento sussurrava canções antigas entre as lápides antigas, embalando-as em um lamento suave e reconfortante. E assim, sob o olhar atento do sol poente e das estrelas despontando timidamente no céu crepuscular, Sofia e Maria deixaram o cemitério com os corações mais leves e a alma renovada pela conexão eterna entre passado, presente e futuro. Tinha o resto de suas vidas para cultivar a ancestralidade e viver o presente.
Ana Pujol
Enviado por Ana Pujol em 02/08/2024
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