Ana Lago de Luz

E na beleza das flores... e nas ondas do mar!

Textos


 cenas cotidianas 28

 

Os meninos desceram das lajes deixando as pipas de lado e as meninas já estavam cansadas de brincar com bonecas esfarrapadas. Era a hora de ficarem juntos esperando a noite chegar. Pouco tinham se alimentado mas tinham sonhos que alimentavam o coração. 

Nas vielas estreitas e sombrias de uma favela esquecida pela cidade, um grupo de crianças pobres se reunia todas as tardes, formando um círculo de esperança no meio da desolação que as cercava. Sentadas no chão de terra batida, suas roupas puídas e rostos sujos contrastavam com os sorrisos radiantes que iluminavam seus semblantes cansados e olhares curiosos.

Enquanto o sol se punha lentamente no horizonte distante, tingindo o céu de tons dourados e rubros, as crianças compartilhavam histórias improvisadas e sonhos tecidos com fios frágeis de imaginação. Ali, nas sombras dançantes das vielas esquecidas, encontravam refúgio temporário da realidade áspera que as aguardava além dos limites da favela que chamavam de lar.

Cada risada infantil ecoava como uma sinfonia de pureza em meio ao caos urbano, cada olhar trocado entre os pequenos companheiros de infortúnio era um elo frágil, mas inquebrável, de solidariedade e compaixão em um mundo que muitas vezes parecia virado do avesso para eles.

Enquanto os adultos trabalhavam incansavelmente para sobreviver outro dia na luta constante contra a pobreza e a injustiça, as crianças pobres se agarravam à inocência roubada de suas infâncias , construindo castelos de areia em um deserto de desesperança e desamparo.

À luz trêmula das lanternas improvisadas e estrelas brilhantes que pontilhavam o céu noturno como diamantes perdidos, as crianças pobres sonhavam em segredo com um amanhã melhor, onde as vielas escuras se transformariam em avenidas iluminadas pela luz da oportunidade e da igualdade.

E assim, nquelad vielas sombrias de uma favela , as crianças pobres descobriam que mesmo na escuridão mais profunda brilhavam estrelas de esperança e resiliência, prontas para guiar seus passos hesitantes em direção a um futuro incerto, mas repleto de possibilidades inexploradas.

E em algumas noites ainda tinham forças para acatar o que um deles sugeria.

- Vamos brincar de pique  esconde ? 

 

Ana Pujol
Enviado por Ana Pujol em 29/07/2024
Alterado em 29/07/2024
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