Ana Lago de Luz

E na beleza das flores... e nas ondas do mar!

Textos


Gente não deu!
Fiz serão poéticos durante dois dias mais o máximo que consegui foi um texto muito triste que até eu não gostei.
Perdoe-me, amigos!
Porém, entre uma tentativa e outra, noite adentro, estava devorando um livro do escritor moçambicano Mia Couto "E se Obama fosse africano?" Numa linguagem bem coloquial e envolvente, você nem percebe que é um livro de Ensaios.
E Mia Couto confessa no livro um fragmento de um conto que ele nunca escreveu! Opa está parecendo eu agora - pensei!
Deixo este trecho para vocês, sobre linguagens, sonhos e a vida que a meu ver, é imortal.
" Acontece o seguinte: uma mulher em fase terminal de doença pede ao marido que lhe conte uma história para apaziguar as insuportáveis dores. Mal ele inicia a narrativa, ela o faz parar:

-  Não assim, não. Eu quero que me fale numa língua desconhecida.
- Desconhecida? - pergunta ele
- Uma língua que não exista. Que eu preciso tanto de não compreender nada!
O marido se interroga: como se pode falar uma língua que não existe? Começa a balbuciar umas palavras estranhas e sente-se ridículo como a si mesmo desse provas da incapacidade de ser humano. Aos poucos, porém, vai ganhando mais à-vontade nesse idioma sem regra. E ele já não sabe se fala, se canta, se reza, Quando se detém, repara que a mulher está adormecida, e mora em seu rosto o mais tranqüilo sorriso. Mais tarde ela confessa: aqueles murmúrios lhe trouxeram lembranças de antes de ter memória. E lhe deram conforto desse mesmo sono que nos liga ao que havia antes de estarmos vivos
Na nossa infância, todos nós experimentamos este primeiro idioma, o idioma do caos, todos nos usufruímos do momento divino em que nossa vida podia ser todas as vidas e o mundo ainda esperava por um destino “




Este é o Exercício Criativo - Fazendo Serão
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Ana Pujol
Enviado por Ana Pujol em 02/04/2012
Alterado em 02/04/2012


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