Gente não deu!
Fiz serão poéticos durante dois dias mais o máximo que consegui foi um texto muito triste que até eu não gostei. Perdoe-me, amigos! Porém, entre uma tentativa e outra, noite adentro, estava devorando um livro do escritor moçambicano Mia Couto "E se Obama fosse africano?" Numa linguagem bem coloquial e envolvente, você nem percebe que é um livro de Ensaios. E Mia Couto confessa no livro um fragmento de um conto que ele nunca escreveu! Opa está parecendo eu agora - pensei! Deixo este trecho para vocês, sobre linguagens, sonhos e a vida que a meu ver, é imortal. " Acontece o seguinte: uma mulher em fase terminal de doença pede ao marido que lhe conte uma história para apaziguar as insuportáveis dores. Mal ele inicia a narrativa, ela o faz parar: - Não assim, não. Eu quero que me fale numa língua desconhecida. - Desconhecida? - pergunta ele - Uma língua que não exista. Que eu preciso tanto de não compreender nada! O marido se interroga: como se pode falar uma língua que não existe? Começa a balbuciar umas palavras estranhas e sente-se ridículo como a si mesmo desse provas da incapacidade de ser humano. Aos poucos, porém, vai ganhando mais à-vontade nesse idioma sem regra. E ele já não sabe se fala, se canta, se reza, Quando se detém, repara que a mulher está adormecida, e mora em seu rosto o mais tranqüilo sorriso. Mais tarde ela confessa: aqueles murmúrios lhe trouxeram lembranças de antes de ter memória. E lhe deram conforto desse mesmo sono que nos liga ao que havia antes de estarmos vivos Na nossa infância, todos nós experimentamos este primeiro idioma, o idioma do caos, todos nos usufruímos do momento divino em que nossa vida podia ser todas as vidas e o mundo ainda esperava por um destino “ Este é o Exercício Criativo - Fazendo Serão Saiba mais, conheça outros textos http://encantodasletras.50webs.com/fazendoserao.htm Ana Pujol
Enviado por Ana Pujol em 02/04/2012
Alterado em 02/04/2012 |