Quando senti sua falta...Será que voltaria? O ar frio da manha nas minhas narinas, a janela estava aberta. Ela estava lá fora com seu enorme casaco de lã vermelho... De meias somente, correndo pelo bosque. Perto da cabana, junto ao precipício eu podia ouvir o mar bater nas pedras, no bosque ela corta o pé. O sangue escorre pela meia, vermelho... Ela corre, corre, corre, o orvalho da manha molha seu rosto.. Não sente dor ainda, esta sempre fugindo da morte. Eu cerro os olhos, sei que vai voltar, anseio por sua volta mas não posso impedir que corrra, corrra, corra. Ficamos tempo demais aqui dentro com nossos fantasmas... Choramos muito, sofremos muito. Tento me encolher na cama e sonhar... Com a vida que tinhamos no passado... Não consiguo me mover. Agora, encharcada de orvalho e sangue... ela diminui o passo, seu rosto ferido por um galho. Volta-se de novo para ouvir o mar... Então começa o caminho de volta... Mancando, com frio, mas as faces ardendo , de terror e de paixão... Logo está de volta a cama, arfando, suada e molhada, de orvalho da manha. Aninha-se o corpo todo no meu, não quer ouvir o mar... Sinto o sangue no seu pé, nao ouso olhar, a tomo nos braços e aperto seu corpo contra o meu lhe fazendo amor, enquanto ela chora. Quanto tempo vamos vivenciar este sofrimento? Quanto tempo ela vai fugir? E vai voltar... O frio ainda nao vai terminar! No êxtase do gozo diz o meu nome, ainda nao estamos livre, afinal uma gota de orvalho destruiu nosso mundo... Que fazer agora que o mar continua a bater nas pedras? Poema retirado do romance "Orvalho" de Ana Lago de Luz Ana Pujol
Enviado por Ana Pujol em 20/11/2011
Alterado em 20/11/2011 |